Entrevista sobre Luiz Otávio

ENTREVISTAS ESPECIAIS SOBRE LUIZ OTÁVIO 

Entrevistado: 


Trovador GERALDO LYRA UBT Seção Recife-PE 

Entrevistador: LUIZ ANTONIO CARDOSO 


Entrevista realizada: 

entre 31/julho a 2/agosto/2009 --- Publicada inicialmente no  LITTERATROVA  nº 9, de setembro/2009 


LUIZ ANTONIO CARDOSO - Caro Irmão  Trovador Geraldo Lyra, gostaria que você  falasse quando conheceu Luiz Otávio, e como  foi seu encontro com ele. 

GERALDO LYRA - Aí por volta de 1960, eu  trabalhava no Banco do Brasil, Agência de  Volta Redonda, quando, indo de passeio ao  Rio, comprei, numa feira de livros, o livro  "Meus irmãos, os trovadores", de Luiz Otávio  e mandei para o autor a lista das trovas de  que mais gostei. Antes, quando ainda  trabalhava no Rio, participei do Concurso da  Casa da Bahia, fui um dos classificados e compareci à entrega de prêmios no Auditório  da Mesbla, na Rua do Passeio, na  Cinelândia, sendo a trova: 

"Gregório de Matos Guerra,
o Rui, Castro Alves e Marta,
são todos da Boa Terra,
tão grande em tudo, tão farta".

De Volta Redonda-RJ, mandei três  trovas para o Concurso de Nova Friburgo,  tema Felicidade, e fui classificado com a  seguinte trova: 

"Mistério - felicidade
que somente Deus concebe:
- Se parte, deixa saudade;
se fica, não se percebe."

publicada  em "Porta de Livraria", coluna de Antônio  Olinto, no jornal, O Globo. 

Daí, recebi telefonema do saudoso Príncipe dos  Trovadores, convidando-me para um encontro  de trovadores na casa dele, no bairro de Vila  Isabel (não lembro mais o nome da rua), o que  aconteceu num fim de semana, com a  presença do hoje saudoso trovador Baptista  Nunes e da também saudosa trovadora Augusta Campos. Foi uma tarde muito  agradável, com declamações de trovas!  Assim, foi que tive a honra de conhecer,  pessoalmente, o Príncipe dos Trovadores, Luiz Otávio


LUIZ ANTONIO CARDOSO - Após este  primeiro encontro, você manteve contato com o Príncipe dos Trovadores? 

GERALDO LYRA – Não: a minha ida a casa  dele - como descrita na primeira resposta - foi  o único contato pessoal com referido  Trovador. Depois, recebi, pelo Correio,  publicações com trovas dele e do poeta J. G. de Araújo Jorge (entre outros) remetidas por  ambos. Inclusive, recebi o livro de poesias  ESPERA (do J.G.). Considero Luiz Otávio um  dos maiores trovadores brasileiros, sendo o  mais organizado e batalhador pela Trova - o  que mais viveu por Ela. 


LUIZ ANTONIO CARDOSO – Como ele incentivava a trova e o movimento  trovadoresco em sua região? Como você  avalia o legado deixado pelo fundador da UBT  para o movimento trovadoresco atual, tendo  mais de três décadas de sua partida. 

GERALDO LYRA – Antes da fundação da  União Brasileira de Trovadores - UBT, por  volta de 1960, existia o Grêmio Brasileiro de  Trovadores, presidido pelo trovador Rodolfo  Coelho Cavalcante, com sede em Salvador - BA. Foi durante o Congresso de Trovadores,  em São Paulo (para o qual fui convidado, e,  embora estando em Volta Redonda-RJ - perto de SP, não compareci: na época eu era meio desligado e não fui, também, a Nova Friburgo  para a solenidade referente ao Concurso  tema Felicidade). 

Mas, respondendo à sua  pergunta, acho que a UBT, presidida, então,  pelo Príncipe dos Trovadores Brasileiros, Luiz  Otávio, deu maior impulso ao movimento  trovadoresco nacional, com o lançamento do  livro "Meus irmãos, os trovadores" e a criação  dos Jogos Florais de Nova Friburgo, com o  incentivo do poeta J. G. de Araújo Jorge, que  tinha um sítio na Cidade Serrana e sugeriu a  Luiz Otávio tal iniciativa. Vale salientar, que  tudo foi feito de acordo com o trovador  Presidente do anterior GBT da Bahia, o  alagoano RCC. 

Na verdade, a UBT, com  sede no Rio e o dinamismo de Luiz Otávio à  frente da nova Entidade, deu maior  divulgação à Trova e propiciou a criação de  sedes da UBT por cidades de todo País,  realizando muitos concursos do gênero e  propiciando o aparecimento de inúmeros  bons trovadores. Saliente-se que a  publicação do "Decálogo de Metrificação", de  Luiz Otávio, simples e resumido, com  quadrinhas de exemplo para cada caso de  metrificação, seja junção, elipse, sinalefa,  etc., facilitou aos interessados o ingresso no  "mundo dos trovadores"... 


LUIZ ANTONIO CARDOSO – Meu Irmão  Trovador GERALDO LYRA, através de você  envio meu abraço fraternal aos poetas e  trovadores do Nordeste, tão inspirados e  batalhadores pela nossa cultura, e agradeço-lhe imensamente pela gentileza de nos  conceder esta entrevista... Deixo o espaço  aberto para suas considerações finais. 


GERALDO LYRA – Participava do Clube de  Trovadores AIP (Associação de Imprensa de  Pernambuco) quando, numa das reuniões, fui  convidado pela saudosa trovadora Valdeci  Camelo, a me transferir para a União Brasileira de Trovadores - UBT - Recife, o  que aceitei, inclusive por já conhecer a irmã  dela Yonne Rabelo e o esposo desta, Manuel Santana, todos trovadores, com trovas  publicadas nas coletâneas do saudoso  trovador potiguar Aparício Fernandes. Assim,  passei a me dedicar somente à UBT e, algum  tempo depois, recebi da Presidente da UBT - Recife, trovadora Valdeci Camelo, carteira de  sócio da Entidade, assinada por ela e pela,  também saudosa trovadora Brandina Rocha,  Vice-presidente da Entidade, como "sócio  fundador número 3". Como a vice Brandina  adoeceu e morava mais distante (em Moreno - PE), Valdeci, que viajava muito, delegou-me a  função de substituí-la (espécie de Presidente  "adoc" ) e Brandina Rocha declarou, certa  vez, na Casa de Manuel Bandeira: "Gosto  mais quando as reuniões são coordenadas  pelo Geraldo Lyra". 

Na época, propus o  lançamento de um Concurso de Trovas e  solicitei aos presentes sugestões sobre o  tema: venceu "Jangada", o Concurso foi  realizado a nível Nacional e o primeiro  colocado foi o saudoso trovador paraense  (radicado em Fortaleza - CE), Ferreira Nobre,  com a trova: 

"A jangada, em toda vida,
quando ao vento a vela solta,
acena uma despedida
porque não sabe se volta."

o segundo lugar:
"Vejo a jangada à deriva...
Assim é a vida, eu presumo:
a gente luta, se esquiva
e o destino traça o rumo!"
Therezinha D. Brisolla - SP

e terceiro:
"Chora a mulher, desolada,
ao ver que o mar traiçoeiro
trouxe de volta a jangada,
mas não trouxe o jangadeiro!"
José Tavares de Lima - MG.

Publiquei uma Coletânea com o  título "As Mais Belas Trovas sobre Jangada",  na João Scortecci Editora - São Paulo - SP - Agosto de 1994. Entre outras iniciativas, tirei  xerox do "Decálogo de Metrificação", de Luiz  Otávio, e distribuí com os presentes. Quando  a nossa Presidente Valdeci Camelo promovia  algum festejo, cada trovador que comparecia,  levava alguns "comes e bebes" para a turma.  Como gosto de guaraná, sempre levei uma  caixa! Afinal ninguém é de ferro e para fazer  trovas é preciso se alimentar!

Nota explicativa

Esta entrevista foi publicada em 28/01/2022, pelo Trovador de Taubaté e Presidente da Seção da UBT de lá, Luiz Antônio Cardoso, no informativo Taubaté em Trova nos números 25 e 26, publicação diária daquele órgão da UBT desde o dia 20 de janeiro de 2022. Gentilmente, o Presidente da Seção e editor do informativo, Luiz Antônio Cardoso, autorizou-nos a publicar neste local a sua entrevista, que acima foi reproduzida.


Luiz Antônio Cardoso é além de Presidente da Seção da UBT de Taubaté, SP, também editor do jornal diário Taubaté em Trova desde o dia 20/01/2022, cujas edições podem ser obtidas, todas, a partir da página Informativos deste blog (Clique no link para acessar). É ainda sonetista membro da ABRASSO - Academia Brasileira de Sonetistas, ocupando a cadeira nº 10, que tem como patrono, Luiz Vaz de Camões. É ainda funcionário público estadual, escritor e jornalista.


Agradecemos ao nobre Trovador, a permissão concedida para publicação desta valiosa entrevista.

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